Sunday, March 04, 2007

...E o encanto desapareceu no horizonte.

Era uma tarde ensolarada, e eu corria.
Corria o mais rápido possível, corria até não conseguir respirar direito e sentir que meu sangue todo ia sair pelos meus poros.
Procurava algum lugar pra me esconder, um lugar bem pequeno, algum lugar que me prendesse pra que eu nunca mais saísse de lá.
Subi naquela árvore, tão cheia de folhas que mal dava pra enxergar onde estavam seus galhos, fui até o topo e lá fiquei, me sentia muito mal, uma horrível sensação invadia tudo em mim e me dava náuseas.
Fechei os olhos e na mesma hora vi sua imagem, lá estava você de mãos dadas com ela. A luz do sol invadia minhas pálpebras e não me deixava ficar no escuro, me deixando tonta e me fazendo ficar ainda pior.
Então me encolhi em um galho e isso me acalmou um pouco, por um momento perdi a vontade de vomitar. Agora sentia que toda a luz ao meu redor entrava pelos meus olhos fechados e percorria todo meu corpo, depois ela invadia os corredores da minha mente e lá dentro ela se depositava em uma sala.
Dentro dessa sala estou eu, sozinha, cantarolando a sua canção favorita, me encolhendo num canto do chão.
Nesse momento toda luz que entra pela porta, sem pedir permissão, sem bater, sem chamar, começa a criar forma, vai se transformando aos poucos em um objeto com vida, mas sua forma é incerta, parecem moléculas gasosas e gigantes que se uniam e se separavam, sem nos deixar pistas de como seria sua forma original.
Uma pequena boca, vermelha e molhada surge desse monstro etéreo e começa a falar, interrompendo a canção que saia da minha boca:
- Deixe me partir.

Após repetir essas palavras várias vezes a boca do monstro estranho desaparece e por entre seu formato semi-abstrato surge um par de asas.


Abro os olhos e me agarro a um galho de árvore, sentia como se minha própria alma estivesse deixando meu corpo, por um momento achei que ia voar, mas o que vi voar foi o monstro de luz que agora ia embora lentamente, de costas pra mim. Fiquei olhando até que sua luz se confundisse com o horizonte e a luz do sol cegasse minha visão.
Então me senti extremamente bem.

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