Tuesday, November 28, 2006

Desenconto

Em sua mente ainda flutuava os sons da ultima musica que havia ouvido, ainda percorriam algumas palavras que já haviam lhe falado, ainda podia sentir o abraço apertado que um dia ganhou de sua mãe após voltar vivo pra casa, ainda podia sentir o coração de outrem que um dia já aqueceu seu peito e ele nem havia dado importância, pode sentir o sangue suave que percorria suas veias, iam como se lhe dissessem adeus e tomavam-lhe toda a alma, permitindo-o sentir toda a magia que jamais havia percebido, pode ainda ter sentido o remorso de nunca ter agradecido por cada gota daquele sangue, ou por cada molécula que já havia respirado, pode perceber o quanto significava o ar que invadia seu peito e em seguintes passados lhe enchia de vida.
Sentia remorso por não ter agradecido todas as vezes que alguém que lhe era especial voltava pra casa com vida, mesmo depois de atravessar tantas ruas. Por não ter falado tudo o que devia, por não ter feito tudo o que podia, por não ter tentado tudo o que sentia vontade, por deixar sempre pra amanhã...

Sentiu saudade de todas as coisas, por mais simples que fossem.

E deitado no barro que sempre deveria ter sido, mas que jamais havia conhecido direito, ele fecha os olhos pela ultima vez... E dá valor a vida.

Friday, November 10, 2006

...

De um lado é dia do outro é noite.
Dia e noite ao mesmo tempo, o tempo passa quando a gente quer, passa quando a gente não quer e mesmo assim parece não passar às vezes.
Certa vez não conseguia dormir, estava ansiosa, olhei no relógio, eram 2:40, me revirei pela cama, sem saber o que fazer, tentei dormir, pensei, pensei, pensei e resolvi olhar pra droga do relógio de novo, pra ver se já tinha passado alguma droga de tempo, pois bem, estava marcando agora 2:45.
Chega a ser engraçado, um milhão de máquinas poderosas pelo mundo, e todos os humanos se curvam a uma que pode ser carregada pelo pulso, não é nem pela mão. O pulso também é de certa forma um relógio, por isso então os relógios devem ter escolhido ficar nos pulsos, eles mandam na gente, nós apenas obedecemos. E enquanto relógios e pulsos se amam intensamente, nós é que ficamos aqui, carregando o peso na consciência. Ou melhor dizendo, no pulso.
Máquinas são seres das trevas, que vieram ao mundo pra jantar a jugular humana e nos transformar também em máquinas. E quando as máquinas descobrem que não fizeram nada além de trabalhar durante toda a vida, em um mundo que poderia ser bem mais cor-de-rosa do que cinza metálico, então elas percebem que foram cruelmente jantadas, assim como elas tanto jantaram os animais do mundo.
Intensamente mais interessante seria ter nascido bicho, daqueles que ficam bem no meio da selva, bem longe da civilização, se é que existe algum mato que esteja bem longe da civilização. O único problema é que a civilização, nada civilizada, leva seus metais barulhentos, sua fumaça fedorenta e seu caos diário pra todos os lugares que se aproxima.
Aonde é que existe paz?
Me diz, que eu jogo tudo fora e corro deliberadamente pra onde quer que ela esteja. Alias, jogar tudo fora talvez me deixe em paz. Mesmo sendo essa paz superficial, que parece tão imensa perto de toda essa grosseria do mundo.
Quantas perguntas sem respostas. E quanto mais nos aproximamos do fim do mundo, menos respostas existem. Mas quem liga pras drogas das respostas? Mesmo que descubram as respostas, quem faria alguma coisa? Não me diga que você faria, ninguém mais cooperaria com você, as pessoas preferem regredir, como sempre e te matar como faziam com as bruxas. Enfim, as pessoas só servem pra ter perguntas e as perguntas são sempre as mesmas. Ninguém tem tempo e ninguém tem disposição, pra pensar em perguntas novas. Agora me diz, do que adianta trabalhar, trabalhar e trabalhar pra ganhar dinheiro, se ninguém tem tempo pra pensar em como ganhar dinheiro?
Mas eu não gosto de falar em dinheiro, dinheiro fede. Deveria ser tão discriminado quanto todas as outras coisas que fedem por aí. Alias, como todas as outras coisas quaisquer, já que tudo no mundo é discriminado. Até o amor.
Não há mais lugar pra se caber maldades nesse mundo, mas o mundo é que nem coração de mãe, sempre cabe mais um. Por isso gosto das formigas, elas são bem mais numerosas, mas não lotam o mundo. Os humanos são em menor numero e se o mundo não acabar logo e eles continuarem se reproduzindo, daqui a pouco estarão todas as maquinas entaladas no mundo.

Chego a conclusão de que meu blog está meio patético.

não adiantaria

se você sumisse, onde eu deveria ir pra gritar seu nome?

Sunday, November 05, 2006

Inevitável

Já aprendeu a dormir sem sono?
Dormir é coisa de corpo. Mente e alma continuam acesos.
As vezes o corpo não quer o que a mente procura, como controlar o próprio corpo?
Não é a mente que nos controla.

Ao som da chuva, ao aroma da terra umedecida, nos silêncios da minha alma, me jogo no érebo de certos pensamentos.
Fico absorta numa elementar lucubração, enquanto caio. Por quantas duvidas já passei? A queda é tão ligeira que não consigo ler o que se passa, meu silencio é tão comovente que nem percebo o barulho que assusta minha alma.




Chova! Chova!
Apenas chova!
Porque não consigo dormir e não quero ficar essa noite sozinha.