Monday, July 02, 2007

des-importatissimo

Abro a porta do enigmático e de olhos fechados entro.
Tudo é vazio no começo, mas cores vão surgindo aos poucos, vão surgindo da mistura de outras cores, as vezes surgem por causa de uma luz batendo em uma direção diferente, criando sombras e penumbras e ninguém pode enxergar direito os espaços onde a cor é preta.
Onde há vazio, nunca se sabe o que pode surgir.
Um bosque vai se formando no meu vazio, eu caminho por ele e quando as folhas das árvores começam a cair com o vento o tempo parece parar, mas como o tempo pararia se a vida e a morte das folhas continuam?
O tempo não pára, mas eu paro pra olhar e não vejo isso como tempo perdido.
Continuo a caminhar, passo por baixo de um túnel de pedras, que vai se estreitando e quase não da pra chegar do outro lado.
Mas eu chego, e este lado ainda está em construção, ainda é só vazio, o que eu poderia fazer nessas horas? Não tenho lápis, nem tinta!
Sento num banco solitário e velho, fico ali na espera de que tudo vá se formando.
Tenho medo de que apareça um monstro, mas aos poucos novas cores vão surgindo e várias outras portas aparecem, uma delas é a saída.
Mas porque eu haveria de querer sair?
Aqui está bom por enquanto e se me conheço bem, pra sair daqui, só mesmo abrindo outras portas pra outros enigmas bem diferentes, deixo a saída de lado...
Até não houver saída.
Só então percebo como ela é importante, e sinto desesperadamente sua falta.



Baseado em "falta de saidas" reais.