Friday, September 15, 2006

Falsa esperança

Do meu completo coração, dedicarei o meu texto de hoje, às pessoas que moram na casa ao lado da minha. Não sei nada sobre eles, não sei porque estão aqui, não sei o nome deles e nunca olhei direito pra cara de nenhum deles, porém não pude deixar de lhes dirigir a palavra no dia em que uma árvore caiu em cima do portão da casa do vizinho.
Para os credores eu diria que isso é algum tipo de castigo, afinal de contas eles já haviam cortado todas as árvores do fundo do quintal deles desde quando se mudaram pra cá. Na verdade eu nunca tinha dado muita importancia pra isso, afinal de contas as árvores estavam no fundo do quintal que é deles, eu nunca entrei lá pra saber como ficou sem a árvore e nem sabia direito que eles a tinham arrancado.
Acontece que existiam duas arvores na frente da casa deles, em uma tempestade forte, uma das árvores caiu em cima da casa deles (e quase em cima da minha cabeça) e a outra árvore ficou em pé, estática.
Eu realmente fiquei triste com a queda da árvore, ela me deu uma galhada na cara, mas não me importei, fiquei triste pelo fato de ela ter caido, eu já estive muitas vezes a sombra daquela árvore. Porém o vizinho ficou muito bravo, como uma árvore tão insignificante teve coragem de cair em cima do seu portão?
Até aí eu não havia reparado todo o ódio do meu vizinho sobre a árvore, e ficava todo dia observando-a, juntamente com sua amiga que continuava lá, estática.
A árvore caida foi retirada, e a outra continuou lá, e eu continuei a observa-la todos os dias.
E foi de tanto fita-la que eu percebi o quanto perfeita era. Havia uma simetria, uma composição enigmática e fascinante, principalmente quando a lua chegava perto dela, elas pareciam se tocar e na verdade eu me sentia emocionada.
Até que um dia, fiquei o dia todo fora, e quando cheguei em casa, o vizinho havia derrubado a àrvore que havia ficado lá, estática.
A árvore estava lá, caída, ao mesmo tempo em que você olhava pra luz e ela refletia poluição, você olhava pro chão e via a árvore, continuava estática, mas não tinha mais raizes.
Quando ficou noite, a lua voltou pro céu, e eu fiquei apenas observando, o exato local onde a lua e a árvore se tocavam. Sem a árvore tudo se perdeu, ficou assimétrico, sem sentido.
Fico aqui a imaginar o que meu vizinho imagina.
E simplemsnete chego a conclusão de que, cada espécie animal nesse mundo, tem sua função. Enquanto os pássaros voam, os peixes nadam, as árvores filtram o ar, estáticas e nós, seres humanos, estamos aqui pra pensar. Mas ninguem pensa.
Talvez meu vizinho tenha a falsa esperança de que um dia ele vire um monstro mutante que come poluição e bebe esgoto.
Agora que escrevi o que meu coração queria, deixo ele mais limpo.