Tuesday, November 28, 2006

Desenconto

Em sua mente ainda flutuava os sons da ultima musica que havia ouvido, ainda percorriam algumas palavras que já haviam lhe falado, ainda podia sentir o abraço apertado que um dia ganhou de sua mãe após voltar vivo pra casa, ainda podia sentir o coração de outrem que um dia já aqueceu seu peito e ele nem havia dado importância, pode sentir o sangue suave que percorria suas veias, iam como se lhe dissessem adeus e tomavam-lhe toda a alma, permitindo-o sentir toda a magia que jamais havia percebido, pode ainda ter sentido o remorso de nunca ter agradecido por cada gota daquele sangue, ou por cada molécula que já havia respirado, pode perceber o quanto significava o ar que invadia seu peito e em seguintes passados lhe enchia de vida.
Sentia remorso por não ter agradecido todas as vezes que alguém que lhe era especial voltava pra casa com vida, mesmo depois de atravessar tantas ruas. Por não ter falado tudo o que devia, por não ter feito tudo o que podia, por não ter tentado tudo o que sentia vontade, por deixar sempre pra amanhã...

Sentiu saudade de todas as coisas, por mais simples que fossem.

E deitado no barro que sempre deveria ter sido, mas que jamais havia conhecido direito, ele fecha os olhos pela ultima vez... E dá valor a vida.

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